quinta-feira, 22 de março de 2012

Fome na África
A fotografia é de uma menina sudanesa, que estava se arrastando em direção a um posto de alimentação. Foi registrada pelo fotógrafo sul-africano Kevin Carter, em 1993. Foi adquirida pelo New York Times, ganhou o prêmio Pulitzer de 1994 (mais importante prêmio jornalístico do mundo) , e deu mais resultado do que qualquer outra reportagem para chamar a atenção sobre a fome no continente africano. Porém, levantou a questão que acompanhou o fotógrafo até sua morte:
 O que ele tinha feito para salvar a criança?
Todos queriam saber, e Carter dava diferentes versões. Chegou a dizer que esperou cerca de vinte minutos para que o abutre fosse embora e, como tal não sucedia, rapidamente tirou a foto, espantou o abutre açoitando-o, e abandonou o local o mais rápido possível.
Muitas vozes se levantaram na época contra a atitude de Carter, comparando-o de certa forma ao abutre e questionando-o porque não tinha ajudado a criança.
Mas os fotógrafos tinham um código de conduta rígido que implicava neste tipo de cenários: nunca se aproximavam das pessoas famintas pela possibilidade de transmissão de doenças.
“Essa foi a minha foto de maior sucesso, depois de dez anos como fotógrafo, mas não quero pendurá-la na parede. Eu a odeio”declarou em entrevista a revista American Photo.
Ao longo da sua carreira, Carter vivenciou incontáveis episódios de violência em teatros de guerra e de desastre humanitário.
Carter era um dos integrantes do chamado Bang-Bang Club, um grupo de quatro amigos, fotojornalistas, que se dedicaram a expôr aos olhos do mundo o brutal regime do apartheid sul-africano (um regime que negava aos negros da África do Sul os direitos sociais, econômicos e políticos. O governo era controlado pelos brancos de origem européia (holandeses e ingleses), que criavam leis e governavam apenas para os interesses dos brancos. Aos negros eram impostas várias leis, regras e sistemas de controles sociais, como proibição de casamentos entre brancos e negros – 1949, proibição de circulação de negros em determinadas áreas das cidades – 1950, proibição de negros no uso de determinadas instalações públicas, ex.; bebedouros, banheiros públicos – 1953 e criação de um sistema diferenciado de educação para as crianças negras – 1953).
FotoI[1]
A foto acima também foi agraciada com o prêmio Pulitzder e foi tirada por Greg Marinovich no exato momento em que um homem após ter sido perseguido e incendiado pela multidão leva uma golpe de facão na cabeça . Os senários, além da África do Sul, são a ex-Yugoslavia e o Sudão.
Dois meses depois de ter recebido o prêmio pela  imagem da criança e o urubú, amargurado e castigado pela culpa, psiquicamente instável e destroçado pela morte de um dos seus amigos íntimos e elemento do Bang-Bang Club, Ken Oosterbroek , Kevin Carter suicidou-se.
Em 27 de julho de 1994, levou seu carro até um local da sua infância e utilizou uma mangueira para levar a fumaça do escape para dentro de seu carro. Ele morreu envenenado por monóxido de carbono aos 33 anos de idade.
O fato continuou tomando grandes proporções, sempre dividindo opiniões:
Em 1996, a banda do País de Gales, Manic Street Preachers, conhecida por seu comportamento radical e declaradamente socialista, ironizou a atitude do fotojornalista com a canção “Kevin Carter”, do álbum Everything Must Go.
O documentário The Death of Kevin Carter: Casualty of the Bang Bang Club [A Morte de Kevin Carter: O Desastre do Clube Bangue Bangue] recebeu uma indicação ao Oscar em 2006.
O filme Amor Sem Fronteiras (2003), estrelado por Angelina Jolie, recria em cena a imagem da foto captada por Kevin Carter.
 Kevin Carter Kevin Carter
Deixem suas opiniões. Vocês acham que Carter não agiu corretamente apenas tirando a fotografia? O que seria ético para vocês neste caso? Vocês acham que o fato da fotografia representar a fome e a situação destas pessoas no mundo todo os ajudou de alguma forma? Deixamos aqui nossas perguntas para todos.

Super Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário